“Veja que o planeta tem
4,6 bilhões de anos de existência e a atual espécie humana, em torno de 100 mil
anos. Já a civilização tem apenas oito mil anos. Então, do ponto de vista do
planeta, a espécie humana é muito recente. O problema é entender que a sobrevivência
da civilização depende da velocidade com que se modificam os sistemas da Terra.
Se houver uma mudança muito rápida, como por exemplo, a elevação do nível do
mar, a infraestrutura que hoje dispomos para a vida urbana costeira de milhões
de pessoas não conseguirá dar conta. É disso que se trata. Temos que perceber
que as atividades humanas no planeta Terra têm limites muito claros. Se forem
cumpridos os acordos de redução drástica das emissões de CO2 e se houver a
transição energética justa, ainda poderemos ter certa capacidade de previsão de
eventos (é aquela metáfora do farol do carro em alta velocidade). Caso a
elevação da temperatura média da superfície planetária ultrapasse 2°C, os
cientistas do clima consideram ser muito mais difícil prever os eventos que se
sucederão.”
Rualdo
Menegat é um estudioso também da natureza em suas múltiplas manifestações é também
Geólogo, doutor em Ciências na área de Ecologia de Paisagem e professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Claro está que a tragédia
que atinge o Rio Grande do Sul está intimamente ligada ao aquecimento global e
suas conseqüências tendem a agravar se as autoridades e todo cidadão que tiver consciência,
não refrearem seus hábitos de consumo e mudarem de um modelo consumista para a sustentabilidade. Mesmo assim o estrago
já foi feito, o que podemos fazer é minimizar suas conseguencias.
No
Rio Grande do sul, as chuvas que caem no estado desde 29 de abril deixaram
90 mortos e mais de 130 desaparecidos e esse número ainda pode aumentar. O número
de feridos já passa de 360. Há 203,8 mil pessoas fora de casa. Desse total, 48.147 estão em abrigos e 155.741 estão
desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos). O estado tem
388 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao
temporal, e 1,3 milhão de pessoas afetadas.
Isso devido
a um bloqueio atmosférico que está estacionado nas regiões Sudeste e Centro –
Oeste que impede que as frentes frias que sobem da região da Patagônia e do
hemisfério sul continuem em seu trajeto e as condensa fazendo chover excessivamente
na região e provocando ondas de calor intenso nos estados que se localizam
nessas regiões.
Seja
como for e em que pese nossa solidariedade a todo povo gaúcho por suas perdas e
prejuízos, sobretudo pelas vidas humanas perdidas, fica a lição. O planeta esta
dando o seu recado, e não é ele que deve ser salvo e sim as vidas que sustenta.