Em busca de aumentar sua
audiência a Rede Globo está revivendo um grande sucesso da extinta TV Manchete,
a novela Pantanal. Com imagens bem cuidadas que emolduram histórias de amor e
enriquecimento protagonizadas por belas atrizes e atores conhecidos da
emissora, o remake tem na pecuária de corte o fio condutor de toda trama. Mas o
que de fato tem representado para o Brasil e quais os impactos dessa modalidade
econômica para o país e o meio ambiente.
O Brasil é responsável por 18,83% da produção mundial, o
equivalente 11,38 milhões de toneladas, sendo que, segundo dados, 26% dessa produção vai direto
para exportação. Em seguida vem a União Européia, com 7,85 milhões. Somente nos 4 primeiros meses de 2018, a receita ultrapassou
US$ 2 bilhões, com a venda de quase 500 mil toneladas do produto, de acordo com dados da
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).
Por
outro lado um gráfico desenvolvido
em 2014 pelo Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg
na sigla em inglês), a partir de uma iniciativa de pesquisadores brasileiros,
mostrou que a pecuária tem responsabilidade significativa na emissão de gases
poluentes que contribuem para o aquecimento global.
O
setor fica à frente das indústrias de automóveis e de madeiras. A emissão de
CO2 acontece tanto de forma direta, com a produção de gases-estufa durante o
processo digestivo dos animais, quanto por meio de mudança no uso da terra, ou
seja, o desmatamento – que tem por objetivo criar novas áreas de pastagem.
A
partir desses estudos, a discussão sobre produção sustentável chegou à pecuária
de corte, que tem buscado novos caminhos para otimizar o
processo produtivo com redução de danos.
PANTANAL
“Apesar da pecuária de corte estar
presente no Pantanal há mais de duzentos anos, até o momento, não foi
estabelecido um programa de melhoramento genético animal para a região que
contemplasse as diferentes condições de manejo e de ambiente no processo
seletivo dos bovinos de corte. Um programa desta natureza envolveria, melhorias
no manejo geral do rebanho, maior cuidado com as práticas de sanidade animal e
gestão mais eficiente da atividade como um todo. A melhoria do sistema de
produção de gado de corte no Pantanal necessariamente passará pelo melhoramento
genético do rebanho de cria da região. A raça Nelore é a mais utilizada,
havendo necessidade de identificar as linhagens mais adaptadas às variáveis
ambientais, e trabalhar com seleção genética entre e dentro das mesmas.” (José
Aníbal Comastri Filho Chefe-Geral da Embrapa Pantanal - https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/785060/1/DOC93.pdf)
A primeira versão de Pantanal foi ao
ar em 1990 pela Rede Manchete, porém ela estava nas gavetas da Rede Globo desde
1983, ou seja na época a Globo perdeu a chance de por no ar um sucesso que foi
obtido pela Manchete. Pantanal volta as telas das telenovelas agora, mas é
pertinente, em tempos de efeito estufa e alimentação sustentável, que as
discussões sobre essa modalidade de obtenção de proteína animal e as fortunas
que giram em torno dela, não nos esqueçamos das recentes denuncias envolvendo frigoríficos
e o segmento, bem como a sua ingerência ideológica na administração publica,
que o diga Sérgio Reis, ganhe espaço na trama, até porque com todo esse rebanho
o brasileiro está pagando os “olhos da cara” por um kilo de carne nos açougues.
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